Há muitos anos que não saio de casa para celebrar a passagem de ano, dentro de ambientes claustrofóbicos cujo bilhete de entrada custa um rim. Além de achar que há laca a mais nos cabelos, e excesso de purpurina nos vestidos, não gosto de sentir a minha mobilidade comprometida, quando entro em espaços de diversão. Dançar só com a cabeça, sempre me deixou tonta. Os homens teimam em tirar do armário (alguns saem dele) a melhor roupa, enquanto as mulheres passaram os últimos dias nos saldos pós-natal a escolher a fatiota. Toda a gente sabe, portanto, que estão de roupa nova.
Confiança ao rubro na pista de dança.
E a prova são as fotos que se tiram e colocam nas redes sociais. Ora se vê dentes pretos de vodka, ora um batom vermelho a espalhar para a bochecha, e até indicadores amarelos de não perceber quando o cigarro já queimou. Esta noite tem uma conotação excessiva de auto permissões, embora possa criar algum desconforto no dia seguinte, além da ressaca. Culpa do inebriante fogo de artifício, ou da esperança em realizar naquela noite o desejo da primeira passa: encontrar o amor.
Esta noite é propícia ao engate. Porquê? Toda a gente está, cuidadosamente, mais bonita (Ok, nem todos. Mas estou certa de que tentaram). Os rostos, além de aparentarem estar com filtros do Instagram, estão encaixados no corpo coberto por aquela camisa da Massimo Dutti, que estava com 50% de desconto. O perfume caro, oferecido pela mãe, leva a pensar que a criatura está bem encaminhada em termos financeiros. Glam!
A passagem de ano, nestas condições, não é mais do que um sábado à noite, no início do mês. Dispenso.
Chamem-me velha, mas não encontro melhor lugar do que o meu sofá, para entrar no novo ano. Pronta a carregar no play, para ver um filme às 00:01 do dia 1 de Janeiro.
Desejo a todos (bom… quase todos) um 2019 cheio de boas emoções.
Divirtam-se a fazer sucesso, e a vida saberá melhor.